top of page

Entre tantos caminhares,

uma vida volante se faz

Feche os olhos agora.

Deleite-se na história.

Ivina Rocha

Como uma espécie de palco, a vida se multiplica e se adéqua a mais de sete bilhões de personalidades no mundo. E, para completar, ela é volante. Perpassa por vários obstáculos que cada ser humano atravessa e topa seguir quaisquer sonhos e metas. Ela desperta os mais variados tipos de sentimentos e, com certeza, o seu favorito, por emocionar e arrancar sorrisos, é o de felicidade.

Nada é mais gratificante para essa artista chamada vida, do que fazer o outro rir. É por isso que, nas próximas linhas você vai ler a história de uma vida volante, que para além dos muros da rotina de sua primeira profissão - que cercam tensas narrativas –, se alegra por levar alegria às outras vidas.  

Troca-se o jaleco de médico pelo de mágico

Examinar pessoas e diagnosticá-las. Pensar meios de garantir mais saúde a outras vidas. Cuidar e medicar cada uma, para curá-las de suas patologias. Essas ações caracterizam a rotina do médico clínico, Marcos Queiroz, 62, que tem boa parte da sua história pautada na medicina. Na semana, das 13h às 17h, ele atende os pacientes, ajudando-os a alcançar uma saúde de melhor qualidade.

Nessa rotina, a cada porta que abre, Marcos se depara com uma realidade mais sensível. O que pode ser até um fator em comum com o outro lado de sua vida. É que, nas manhãs e noites da semana, o Dr. Marcos passa a ser o Doutor Mágico – seu nome artístico. Ele então é mágico, autor, ator, diretor e compositor. Tudo junto e misturado, como uma boa vida volante pede. Numa visão panorâmica do palco em que de pé ele fica e se realiza, o artista também contempla outras almas sensíveis.

Doutor Mágico apresentando uma de suas peças com mágica 

Foto: acervo pessoal

O seu amor pela mágica é antigo. “Quando mais novo, eu ficava observando com os olhos brilhando os pequenos festivais e espetáculos que aconteciam na cidade. Então fui crescendo e as grandes responsabilidades exigidas da vida me tomaram conta. Mas na primeira chance de aprender mais sobre esse universo da mágica e da encenação, eu agarrei e me dediquei”. Em 2003, após a realização de um curso de mágica, a sua tão almejada carreira em palcos de circos e teatros começou.

“Quando mais novo, eu ficava observando com os olhos brilhando os pequenos festivais e espetáculos que aconteciam na cidade. Então fui crescendo e as grandes responsabilidades exigidas da vida me tomaram conta. Mas na primeira chance de aprender mais sobre esse universo da mágica e da encenação, eu agarrei e me dediquei”. 

Marcos Queiroz em uma apresentação de peça em homenagem a Leonardo da Vinci | Foto: acervo pessoal

O espetáculo é para todos

Formado em Teatro, Dr. Marcos Queiroz une suas peças teatrais à mágica, formando um espetáculo completo de interação com o público. Mas ele vai além e pensa naquelas pessoas que não podem assistir aos espetáculos. Não por falta de dinheiro ou meio de locomoção, mas por não enxergarem – não terem o sentido da visão. Por isso, atualmente, ele é voluntário no Instituto dos Cegos do Ceará, onde ensina a arte do teatro e faz os ensaios das peças criadas com as pessoas cegas.

Nesse voluntariado, Marcos tem a função de autor e diretor das peças. Às vezes ator. Mas, na maior parte do tempo, ele ensina aos cegos a entenderem o teatro como manifestação artística; a construírem peças teatrais; a encenarem como verdadeiros atores e, assim, acaba ensinando, a se apaixonarem, cada vez mais, pela grande artista vida. “Eles se felicitam em se sentirem aptos a praticar o teatro. Ali, eles se sentem com todos os sentidos. Satisfeitas pelo prazer de viver o mais doce da vida: aquilo que deixa de ser tristeza para ser alegria”.

Logo, em 2008, Marcos entrou para o Núcleo de Amigos Mágicos do Ceará – Nuamac e atua até então. Lá, ele troca ideias com outros profissionais do ramo e trabalha em conjunto, sempre que um espetáculo pede. E, também, participa dos festivais realizados anualmente pelo grupo, com workshops, shows, palestras e conferências – em que se realiza a apresentação da mágica e depois o segredo para fazê-la. Somando cada ano de atuação, totalizam-se, para o Doutor Mágico, 15 anos nessa profissão, que tanto alegra sua alma e alumia outras vidas e seus corações.

“Eles se felicitam em se sentirem aptos a praticar o teatro. Ali, eles se sentem com todos os sentidos. Satisfeitas pelo prazer de viver o mais doce da vida: aquilo que deixa de ser tristeza para ser alegria”.

As duas versões de Marcos têm uma magia em comum: o prazer em cuidar de outras vidas. Como médico, ele ajuda a curar enfermidades de outras pessoas e como mágico, ele leva mais luz às outras vidas. É fácil Marcos ser questionado sobre como é possível levar essa arte a quem não pode ver, uma vez que é até mais visual do que audível. Mas para ele é fácil responder. Como médico e entendedor de muito do que é relacionado à saúde, ele sabe que quem não possui o sentido da visão, tem como impecável o sentido da audição. E é exatamente aí que ele foca o trabalho teatral realizado no instituto.

Marcos Queiroz em uma apresentação de peça em homenagem a Rachel de Queiroz | Foto: acervo pessoal

A peculiaridade de ser o autor

O Doutor Mágico criou sua mais recente peça teatral com mágica, chamada “Menos um, menos 1”. O grande intuito é impactar o público levando-o à sensação de como é ter menos um sentido - no caso, o da visão - e menos um amigo. Mas não para por aí. O Doutor tem peças criadas em homenagem a grandes nomes, como Leonardo da Vinci. E à escritora cearense, Rachel de Queiroz.

Dentre essas e outras que ele cria e atua, é assim, seja pela mágica, música ou teatro, que o Doutor Mágico escreve, linha a linha, cautelosamente a sua trajetória. E uma vida volante, que de palco em palco se eterniza na memória e no coração de quem faz acontecer e de quem a experiência vivencia.

A essência que assola Marcos Queiroz é a delícia de poder ser o autor de sua jornada. E, ainda, extrair largos sorrisos de diversas outras pessoas, deixando sua marca ao dar o melhor de si, só para garantir que o sentimento mais adorado pela vida seja bem despertado: o de alegria.

“Não meço esforços para ser o Doutor Mágico. É o ‘a mais’ do meu dia a dia, que energiza positivamente o meu cotidiano e, também, o de outras vidas. É uma completa realização, porque satisfaz aqui e satisfaz lá - no meu tão querido respeitável público. É o além da rotina de minha primeira profissão que eu, com muita sinceridade e lealdade, pretendo levar por mais um longo período em minha vida”, encerra a narração da própria história a vida volante, mais conhecida como ‘o médico e mágico, Marcos Queiroz’.

bottom of page