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A alegria do primeiro espetáculo

Foto: Matheus Abraão

Por Weider Gabriel

Foi emocionante ouvir “respeitável público”. Poder ver e sentir aquela atmosfera de alegria é umas das coisas que jamais esquecerei. Aos 23 anos fui ao circo pela primeira vez. Enquanto assistia ao espetáculo me perguntei os motivos pelos quais meus pais nunca me levaram quando criança. De vez em quando escorria uma lágrima, mas não tristeza, acredito que também era a admiração por tudo aquilo, por isso consegui dominar as minhas emoções, ora começava a rir, ora ficava espantado com as habilidades dos artistas.
Era coisa que só tinha visto no cinema. Via os malabaristas, trapezistas e dançarinos como quem admira uma obra de arte, como quem contempla. Vi alguns engolindo fogo (confesso que fiquei nervoso nessa parte) e outros quase caindo da corda bamba que estava, no mínimo, a 15 metros de altura. Em algumas partes do show uma colega que estava do meu lado segurava a minha mão tão forte que quase pulamos da cadeira. Ainda choro de lembrar dessa noite, é um misto de admiração e alegria que não consigo colocar em palavras. Volto a pensar que nunca tinha ido no circo.
Todas as vezes que o palhaço aparecia eu queria me esconder, não me considero uma pessoa tímida, mas também não queria que o palhaço me chamasse para o palco. Então ele veio a primeira, fez uma brincadeira com a plateia, jogou água num monte de gente e eu só sabia rir. Rindo desconfiado na esperança de que ele não me chamasse, nem olhasse pra mim. Passando a primeira parte, o palhaço foi embora, mas depois voltou e escolheu um rapaz que estava sentado uma cadeira a frente da minha. Fiquei aliviado e pensei “ufa! Ele não me escolheu!” Mas não adiantou muito, pois mais tarde fui escolhido e o palhaço me levou pro palco, me fez vestir uma roupa amarela com um capacete, derrubou uma caixa na minha cabeça e melhor/pior parte: me fez dançar “Macho Man” para o público, além dos meus amigos estarem gravando tudo e colocando no Instagram. Eu ainda não acredito que isso aconteceu (estou rindo enquanto me lembro disto).

Foto: Matheus Abraão

Foto: Matheus Abraão

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Preciso destacar também uma das partes mais emocionantes, quatro motos no globo da morte, fiquei tenso e pensei que alguma coisa iria dar errado, mas não deu. Quando chegou o fim do espetáculo eu estava extasiado com tanta arte, talento, com todos aqueles artistas que eu sequer sei o nome, mas contribuíram deixando uma lembrança que espero sempre recordar. Voltando a relembrar tudo isso, penso novamente, por que meus pais nunca me levaram ao circo? Ainda não descobri, mas acredito que tudo tem o seu tempo e se não fosse assim não teria sido tão espetacular como foi.
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Lembro também que minhas irmãs nunca foram ao circo, por falta de motivação quem sabe, mas depois do show que eu assisti, com certeza vou carregá-las o mais breve possível. Todas as vezes que disserem a palavra “circo” espero sorrir do mesmo modo que estou sorrindo agora, lembrando de todas as coisas, uma primeira vez como essa, não se deve esquecer.
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