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Quando o asfalto 

vira 

Picadeiro 

Por Lívia Carneiro

A mudança de cor do farol é a deixa para os artistas entrarem em cena: o sinal passa de verde para vermelho e eles ganham o meio das ruas fazendo malabarismo. Os carros param, alguns motoristas esperam pacientemente, outros nem tanto, pela hora de partir. Enquanto isso, pessoas anônimas ocupam a faixa de pedestre com o intuito de entreter.
São malabaristas, artistas que escolheram a rua como palco. Da mesma forma, muitos tomam conta das praças do Centro, na Monsenhor Tabosa ou pelas ruas da Cidade. Muitos abriram mão da família, dos amigos, do comodismo, e escolheram viver de uma arte ainda pouco reconhecida pela sociedade. Quem são, afinal, os artistas que trazem alegria às ruas da Capital?

Foto: Tiago Lima 

Sandra e Danilo apresentando seu espetáculo.

Sandra, 18, e Danilo Aguiar, 22, fazem parte desse grupo. Eles não cobram pelo entretenimento ou pelo espetáculo, mas ficam animados quando a plateia contribui com o reconhecimento do trabalho, seja com um trocado ou com um sorriso. 
Há 3 anos compartilham histórias e trabalho. Ela é espanhola, ele brasileiro e chegaram à Fortaleza no dia dessa entrevista, 23/04. Mas, por eles, aquela seria a primeira e última vez na Capital. O motivo? "As pessoas são receptivas, mas não oferecem água nem alimento, além do calor que é muito grande", explica Danilo.
A motivação disso tudo? Prazer, liberdade e amor por aquilo que fazem. Para Danilo, o malabarismo não pode ser chamado de trabalho. O sonho deles é viajar pelo mundo, mas primeiro preferem conhecer mais do Brasil para depois chegarem à outras fronteiras.
O sonho os afastou da família. Há 3 anos, eles não veem a família. "Se eu estivesse em casa seria mais cômodo, mas eu não poderia tá usado essas roupas, não poderia tá com o cabelo assim, nem poderia tá dando essa entrevista. Aqui tenho liberdade, faço o que eu quero, na hora que quero, viajo, conheço gente nova", ressalta Danilo.

"Se eu estivesse em casa seria mais cômodo, mas eu não poderia tá usado essas roupas, não poderia tá com o cabelo assim, nem poderia tá dando essa entrevista. Aqui tenho liberdade, faço o que eu quero, na hora que quero, viajo, conheço gente nova"

Ao contrário do que se possa pensar, nenhum deles fez parte do circo, apesar de já terem recebido propostas para trabalhar em um. Ele aprendeu a arte de malabar com outros artistas de rua. E ela aprendeu com ele. " Depois de algum tempo junto comecei a aprender com ele, meu namorado me incentivou muito, vi que era isso que eu queria pra minha vida e hoje a nossa paixão é fazer malabar, viajar, diz Sandra.

Foto: Tiago Lima 

Concentração no malabar 

Durante a apresentação, a rapidez é tão grande que chega a ser difícil acompanhar os movimentos das bolinhas no ar, eles se apresentam solo ou em dupla, mas eles brilham e dão um show maior quando juntos, pois é notável o brilho no olhar, a alegria e a concentração no que os motiva, o malabar.
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Quando a rua se torna picadeiro
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